As composições, em grande parte, foram feitas para revelar o ufanismo da
vitória e tornar heróis os mortos nacionais, mas nem sempre versam sobre a
aniquilação de um inimigo estrangeiro. A Marselhesa,
hino oficial da França comemora a vitória do povo francês, que, na Revolução
Francesa, liderada, no início, pelas forças da cidade de Marselha — advindo,
daí, o título da composição —, ao
poder do derrame de sangue de irmãos, ainda que para sufocar a tirania da
nobreza francesa e seus aliados austríacos e prussianos que pretendiam manter a
sua pátria sob o jugo da escravidão, da tortura e sob o horror da guilhotina.
A vitória parece justificar a incitação dos versos dos hinos ao uso das
armas para a guerra. Mas as derrotas sofridas jamais serão ouvidas.
Parece ser fruto de um acordo inconcebível entre os escritores dos textos
dos hinos, mas a maioria dos hinos nacionais prega, velada ou abertamente, a
guerra para resolver questões de toda espécie entre nações, não importa que
sofrimento venha a impor a seus concidadãos, familiares e amigos. E falam de
derrame de sangue como se fosse o fato mais rotineiro da vida.
Como o ser humano é, por instinto, essencialmente competitivo, não causa
muita estranheza o fato de que muitas composições foram criadas como marchas
militares, sendo os autores das melodias e letras às vezes membros de bandas e
sinfônicas das respectivas corporações..
O atual “Hino Nacional da Rússia” não fala em guerra, nem em sangue, mas,
como é próprio das potências, principalmente das autoritárias ou totalitárias,
estão sempre querendo ampliar suas fronteiras para impor sua política ortodoxa.
Por isso, o refrão do hino: “As vastas amplidões aos sonhos e à vida, / Os anos
vindouros nos abrem. / A dedicação à Pátria nos dá força, / Assim foi, assim é,
e assim sempre será!”, remete à ideia de conquista de “vastas amplidões” que
“os anos vindouros nos abrem” com a “força” e a consequente permissão que “a
dedicação à Pátria” sugere dar ao povo russo.
Os hinos norte-americano, italiano, português,
libanês, inglês (Reino Unido), e
outros pesquisados, não fogem à tendência de exaltação à violência da guerra.
(Continua na próxima postagem.)
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